Ópera Lúgubre

São sete.

Ele opera o ônibus.

Ela opera a máquina.

Não sabem o porquê o fazem

Mas fazem porque assim é.

São dez.

Ele olha pela janela

Não sabe o que vê…

São pessoas não operadas?

Talvez elas o operem!

São treze.

Ela está com fome.

Olha para cima e o patrão não está.

Será que virá?

Talvez ela possa sair e descansar…

Mas quem vai operar?

São dezesseis.

Eles suam, estão cansados.

Operam sem parar, sem saber pra que servirá.

A máquina não é dela.

O ônibus também não.

O que lhes pertencem são, apenas, suas mãos.

São dezoito.

Hora de ir.

Na mente, a ópera lúgubre de quem opera.

Opera a dor e tristeza.

Opera a máquina, o ônibus

Mas não opera a própria vida.

E a ópera que os acompanha é a da melancolia.

Beatriz Trajano
Enviado por Beatriz Trajano em 20/06/2020
Código do texto: T6983217
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