Ópera Lúgubre
São sete.
Ele opera o ônibus.
Ela opera a máquina.
Não sabem o porquê o fazem
Mas fazem porque assim é.
São dez.
Ele olha pela janela
Não sabe o que vê…
São pessoas não operadas?
Talvez elas o operem!
São treze.
Ela está com fome.
Olha para cima e o patrão não está.
Será que virá?
Talvez ela possa sair e descansar…
Mas quem vai operar?
São dezesseis.
Eles suam, estão cansados.
Operam sem parar, sem saber pra que servirá.
A máquina não é dela.
O ônibus também não.
O que lhes pertencem são, apenas, suas mãos.
São dezoito.
Hora de ir.
Na mente, a ópera lúgubre de quem opera.
Opera a dor e tristeza.
Opera a máquina, o ônibus
Mas não opera a própria vida.
E a ópera que os acompanha é a da melancolia.