MULEKE DE RUA
No meio do fogo cruzado
surge um "beke" pra queimar,
o menino vira muleke,
muleke de rua,
muleke da lua,
o destino é um leke
de tapa na cara,
feixe de não!
Estação liberada
mas o trem da consciência não para;
Muleke negro como a noite
poderia até ser claro como o sol,
a vida bate, repica,
salpica a chibata em açoite,
a lágrima não vem
mas a dor fica
enjaulada n'alma,
o espírito embrutece,
a revolta cresce,
a agulha pica,
o gatilho dispara,
esfumaça o ar ... paira e fica,
sem noção, sem fé,
agora cachimbo na boca
sem bola no pé,
la vai o "crake"
olhar vazio, fumaça louca,
riso raivoso,
acabou a inocência do menino senhores!
nasceu o criminoso ...
e agora doutores?
neste rio de dores,
quem vai chorar?
Onde a lágrima vai desaguar?
qual o braço amigo vai amparar?
naquela correria não houve breque,
hoje no sepulcro a inscrição:
"Aqui jaz mais um muleke"
02/04/2009