POESIA PENAL
Você que escreve sobre verdades,
já sentiu que ao andar na cidade,
uma pessoa poderia ter lido seu texto?
E que queira puxar assunto sobre o contexto?
Ficou eufórico pela opinião instantânea.
Eu não.
Eu temo!
pois vivo a ansiedade de quem leu os meus textos queira me silenciar,
queira me matar.
Não temo as amigas e amigos,
que sempre andam comigo,
Se eu encontrar, será uma alegria colossal.
Meu medo,
É que um "cidadão de bem" me leia,
venha me atacar com suas asneiras,
Interpretação de texto deles me provoca tonteira,
Uma ânsia estomacal.
Meu medo,
É um policial interessado em literatura.
Num desses baculas de rua.
já ocorreu de um perguntar:
"Que folhas são essas no seu bolso?!"
E eu digerir as palavras
para não apanhar,
o desejo era de ironizar,
dizer que
"trafico palavras, senhor."
Mas só falei que eram rimas,
ele olha para mim
e solta a ironia:
"Coisa de lombreiro mesmo"
O cinismos dele não tardia,
Continuou e me obrigou a recitar as folhas que eu tinha.
A poesia ainda não estava pronta,
falava de uma pessoa,
que bebia e chorava na má fama.
Ao terminar de ler,
ele foi embora,
eu fiquei ali,
A noite ainda estava posta.
Curei a lacuna com várias doses de vodka.
A coluna estava doendo,
Mas a cada dose de veneno,
A dor corpórea da lugar a desilusão.
No meio da multidão fiquei encabulado,
Foi quando um amigo que bebia ao lado,
Falou sorrindo que talvez o policial vá me chamar para um recital,
na cadeia a palavra é distração total,
Já pensou ser poeta,
E recitar no sistema prisional?!