SOB O PODER DO MEDO
O medo nos tornou prisioneiros
Em nossa própria morada
E nos prendeu nos labirintos de nossa fragilidade.
Hoje ele é a nossa mais intrusa companhia
Em nossa vida miserável:
Afogada na dor do sem-sentido.
O medo nos enclausurou
No escuro de nossa brutal ignorância
Pois sequer encontramos forças
Para em paz subsistirmos.
Perdemos de forma resignada os nossos belos sonhos
Em troca de segurança e alienação.
O medo é a realidade de nossas vidas...
Ela é reforçado pelos atrozes canais midiáticos,
Bombardeando de incerteza
Os nossos corações angustiados
E infundindo um clima de vazio e morte
Pelas ruas silenciosas das cidades.
O medo reprimiu nossos corpos dilacerados
E produziu em nosso ser as suas inverdades
No amanhecer e na hora do almoço;
Em nossos en-con-otros e em nosso descanso,
A fim de perdermos o prazer do lazer em família
E a esperança de estarmos com quem amamos.
O medo é distribuído em doses diárias
Como ração fresca para suprimir
A resistência dos homens comuns
E fortalecer o poder dos abutres do sistema
Nas suas ambições de enriquecimento
Às custas de quem é impotente para se libertar.
O medo paralisou a fé dos corações,
Enquanto o impulso criativo da vida se deteriorou
Com a geração de uma ânsia generalizada
De afastamento social em larga escala
E a felicidade da boa convivência ficou descredibilizada
No coração de uma humanidade assaz enfraquecida.