MARCAS DE UM SUBMUNDO


Aquele corpo maltratado – carente,
Ali, na minha frente,
Aquele olhar minguado,
De um cão sem dono,
De tirar o sono,
Aquele rosto traçado,
Marcas de um submundo – infecundo,
De ofendidos e esquecidos,
Aquela voz de revolta,
Não suporta e solta,
Tantos dissabores seus,
Palavras de dores cuspidas,
Na desgraçada vida,
Não pouparam nem mesmo Deus.
Aquelas outras vozes – ferozes,
Seguidas de vis olhares,
Cruzando os ares,
- Isso, não passa de um coitado,
Um sem o que fazer,
Um desorientado,
Que não conseguiu vencer.
Aquele eu, que tudo presenciou,
No momento ficou indignado,
Mas, logo se “normalizou”,
E seguiu... Despreocupado.