JUSTIÇA EM CLAMOR

Eu não tenho a intenção

De a ti desagradar

Mas lhe digo meu patrão

“Vou agora te cobrar”

Quero justiça ao meu povo

E não peço. Agora mando

Vou trazer pro interior

Todos os que sofrem em bando

Quem tem muito distribui

Quem não tem, dá o seu braço,

Seu favor e seu respeito

Sua alma em bagaço

Já houve muito sangue

Humilhação teve a granel

Respeitavam nem criança

Surrada, marcada em bordel

Tanto Santo trabalhava

Sol a sol sem ter tostão

Que seu amor magro secava

Ódio brotava do coração

A filha caía na vida

O sangue do pai, cachaça

A mãe lavava pra fora

Sonhando com dinheiro, na desgraça

E a desgraça cuspia trovão

Se não era estupro, era morte

Se não roubava, cadê o pão?

Só rico e doido é que via a Sorte.

Então, vou agora cobrar

Meu direito de viver

Se o patrão não quiser dar

Vou aprender, como eu, o que quer dizer morrer!

Vai viver a minha vida

Pra ter um discernimento

Saber o peso da cruz

Sofrer a cada queda do tempo

É a vida, meu patrão

Só sabe o seu valor

Quem não tem nem sempre o pão

Quem não vê, dos outros, o amor

Audsandro do Nascimento Oliveira
Enviado por Audsandro do Nascimento Oliveira em 07/05/2020
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