PEDAÇO DA VIDA

E numa noite de fogo incestuoso

O criminoso foi trabalhar. Revólver. Solidão

As ruas eram cemitérios. As casas, almas.

O vento ladrava temores e a indiferença sentenciava.

Este mundo se impregnava nele, que chorava pesadelos, e cuspia pequenas revoltas

Enquanto a lua ofuscava seus dedos selvagens.

Começou o trabalho. Acabou o trabalho. Latrocínio

De volta para casa ele pensava o que sonhariam os anjos.

O mesmo que ele, talvez. Mas ele era triste.

A noite era feia porque parecia com ele: sem sentido.

As estrelas eram gritos de dúvida que uivavam perdão.

A lua seria uma roleta em que os amantes apostariam sobre seus futuros medíocres

Finalmente, em casa. Tudo premeditado, tudo certo.

Conferiu dinheiro.

Não havia sono. Não havia medo. Não haviam leis. Não havia noite.

Apenas a vontade de entender porque a vida valeria tão pouco?

Seria a vida pequena como uma paixão?

Sem sentido, explicação Omo um rio?

Seria pedra sem formato perfeito?

Ou seria uma tempestade de sentimentos

Tão intensa que formaria oceanos de calma

Logo após o último choro de criança?

Não. A vida não importava pensar.

A hora era de tranquilidade. Exaustão.

Dormir e não pensar. O tempo é de oportunidades.

Esperemos amanhecer.

Audsandro do Nascimento Oliveira
Enviado por Audsandro do Nascimento Oliveira em 05/05/2020
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