Trabalhador

Quem produz a riqueza desse mundão?

Quem faz com que não falte o pão

O arroz, o feijão, o legume, o macarrão?

Quem constrói o prédio que arranha o céu?

Quem desafia o perigo e coleta o mel?

Quem fia a linha, costura a vestimenta

Quem vende aquela bala de menta?

É ele, o patrão. Sim ou não?

O patrão, imponente em sua sala

Ele manda, ordena, fala

Nada produz apenas goza o fruto da labuta

Do trabalhador que vive na luta

Da trabalhadora que morre na luta

Da trabalhadora que no fim do dia, cansada

Ainda encara pela frente outra jornada

Do trabalhador que no fim do dia, cansado

Não consegue um prato balanceado

O patrão usurpa o império

Que o sangue do trabalhador constrói

E na televisão, com semblante sério

Diz que é difícil empreender:

Que seu Zé tem muitos direitos

Que torna seus lucros rarefeitos

Que Dona Maria tem que ganhar menos

Que não agüenta lucros tão pequenos

Que é difícil a empresa sobreviver

Sem aumentar a jornada

Sem deixar quem trabalha sem direito a nada

E em lobby obscuro desconstrói

As já minguadas garantias de quem carrega

A economia do mundo nas costas

E mesmo doente, cansado, não arrega

Não desiste, persiste, ainda que triste

Ainda que faminto, ainda que sem estudo

Ainda que lhes falte tudo.

O patrão bate no peito, orgulhoso

Diz que é rico porque merece

Até parece que esquece

Do dinheiro que herdou

Do imposto que sonegou

Das pequenas corrupções

Das grandes devastações

Não pense em crise, trabalhe

Com a fome batendo na porta

Com a aposentadoria tão distante

Não pense em crise, trabalhe

Em meio a uma pandemia

Pro bem maior – Salvar a economia

Patrão em sua casa confortável

Tenta defender, incansável

A necropolítica genocida

Sangue derramado na pátria amada

Adormecida, devastada, vilipendiada

E daí se houver morte, se faltar caixão

Não pode é prejudicar o capital

Que moveu a campanha do capetão

Não pode faltar o dízimo do pastor falastrão

A rachadinha, a compra de votos, a sonegação

Primeiro de Maio, dia do trabalhador

Trabalhador é quem trabalha

Trabalhador que sente a dor

Que trabalha a dor, com dor

Trabalhador – E trabalhadora

Esquecida até título da comemoração

Que sequer tem o que comemorar

Mas que deve servir para lembrar

A frase dita no Manifesto

“Trabalhadores do mundo, uni-vos”

(Nota da poesia: Trabalhadoras, também)

Lembrem-se sempre da lição:

Sem o trabalhador fica vazia a mão do patrão

Sem trabalhadora, fica vazia a conta da patroa.

Bob Regina
Enviado por Bob Regina em 01/05/2020
Código do texto: T6934285
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