REFLEXÕES DE UM MENINO DE RUA
Engraxo sapatos para não roubar
Peço esmolas para não perambular
Pois a rua é a faculdade do diabo
Quem não tiver cuidado, torce o rabo
Sou criança, mas adulto antes do tempo
Fome e humilhação me atordoaram o tento
Se me ensinassem a ser homem-bomba
Me mataria pra ter um paraíso de pompa
Mas eu não creio em recompensa ou punição
Da vida que se leva, é tudo em vão
Tudo é prazer, é fugir da dor e do ódio
O dinheiro me unge como um sacro óleo
Preciso ter uma vida boa ou não há sentido
Dor e prazer andam em círculos, sempre voltam, como o infinito