CARNE NEGRA, MAIS QUE PRESENTE
Ei, olha bem nos meus olhos
Sente o peso e o cansaço
Do passado
Que me cerca no presente
E marca minha carne negra
Foque na força do meu cabelo
Mesmo sendo queimado pelas mãos
Dos racistas nojentos
Que sujam nossa história
E por nossa mobilidade social
Cota não é esmola!
Queimaram as raízes crespas de
Anderson, fulano, sicrano
Com requintes de crueldade
Sabia? Faz uns dias…
E sabia também
Que foi horrível ver um menino
no caminho da escola
Levando um tiro nas costas?
E você já ouviu, viu, sentiu
Nas entrevistas de emprego
“Você não se encaixa no nosso perfil”
O que mais me apavora
É o estruturalismo sem
Consciência de desconstrução
Não entender que somos
A própria diversidade e revolução
Alienação
Alienação
Mundo cão
Nunca foi vitimismo...
É a realidade nua crua
É a pedra no caminho de quem
Todo dia tá na luta
Por espaço, respeito e dignidade!
Nessa gritante desigualdade
E é pela a resistência do meu
Olhar
Do meu corpo
Do meu cabelo, que não é moda
Da carga de nossa história
Mesmo no fluxo do caminho do abismo
Da ignorância que se mostra
Que vamos em frente
Enfrentar sem demora
A hora sempre é agora!
E pode espernear
Seu preconceito vomitar
Mas pra senzala
O preto não volta!
Gracy Morais
07.11.2019
(Mês da Consciência Negra)