A lição do Coronavirus

Sumiu a flauta que rasgava o silêncio

O vendedor de geladinho

Olha o cabideiro

Guarda-chuva, frutas, batatas, mandiocas

Peixeiro, pão caseiro.

Mas tem muito lá fora, ainda!

O aleijado, a prostituta na esquina

O pedinte vagando a esmo

O menino descalço

Com o pé atolado na lama suja

Na favela sem infraestrutura

Sem luz, esgoto, água potável

Escola e educação

A droga instalada no beco

A fome, a miséria

A mão estendida, a boca faminta

No barraco povoado de almas perdidas

Ainda em construção.

Reflita, pense!?

Você aí na clausura imposta pelo vírus

Você que tem um teto que te abriga

Comida, água fresca, que olha o mundo pelas telas

Você neoliberal, cidadão do bem, homem atual

Que quer o volta à normalidade

Quem não quer?

Vamos voltar iguais, ou vai ser diferente?

As regras sociais vão ser as mesmas

Ou faremos um novo contrato social?

Vamos esperar mais cem anos,

Para novamente a natureza criar uma nova pandemia

Instaurar o caos, para fazer com que ela respire

Recomponha, pelo menos toma um fôlego!

O pobre tem a mesma carne, sangue

Sentimento e dor ,

É tão necessário quanto

Basta um pouquinho mais de chance

Na escola, na saúde, educação

Um pedaço maior de chão, um teto e pão.

Ouve o clamor, escuta o grito

Neste discurso!

Menos egoísmo, mais altruísmo

Empatia, solidariedade

Deixe de ser avarento

Não espere a pandemia acabar

A alternância, a mudança

É aqui e agora, o guia covid 19 aponta

A nova estrada foi aberta

Segue é só caminha - lá

Bem á frente uma nova sociedade

Surgirá

Luiz Carlos Zanardo
Enviado por Luiz Carlos Zanardo em 19/04/2020
Reeditado em 19/04/2020
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