Olhos de gás butano.
Senti meu estômago abrindo como uma boca
enorme, grotesca.
Me engolindo pela garganta.
Me tornando em argumentos de desculpas
patéticas e repetitivas.
Poéticas e poluídas.
Nenhuma plausível
pra mim poder comemorar
em meu trono de aberrações e perdas
que tive pelo caminho de pedras.
Meu corpo de cera ia derretendo
cada vez que me aproximava mais do sol,
que tinha a cor do mel dos teus olhos quentes
que me fizeram parafina novamente.
Me reconstruíram,
não fui o mesmo molde.
Não tive os mesmos modos,
etiquetas ou palavras.
Havia uma nova versão
a cada tragédia que acontecia.
Me reformulava,
sabia de cor cada erro e tropeço.
Tão perfeito como um bocejo em câmera lenta.
Um maçarico me derretendo aos poucos,
tomando forma de fim
o que eu tivera tão pouco.
Levando socos
pra lembrar
que teus olhos
queimavam
como gás
butano.