Um poeta do morro

Eu nasci no morro, mas cresci versando;

Vi os meus amigos

Tortos e cheirando

Toda a adolescência sem qualquer abrigo.

Mas na poesia eu encontrei guarida

E desci pro asfalto

Pra versar a vida

E esquecer as dores lá do alto.

Afastei perigos e sonhei amores;

Aprendi mais versos;

Acolhi as flores

E senti perfumes vivos do Universo!

Eu cantei a gente humilde da cidade

Que não tinha sorte,

Mas puxava lajes

Relutando forte e retardando a morte!

Eu levei a força, a luz, a poesia;

Sugeri as críticas,

Sempre ao dia-a-dia

De uma gente pobre com promessas líquidas...

Aguentei, no peito, o fraco resultado

Desse meu protesto

E escrevi, calado:

“Incultura – O livro do meu povo”, em versos...

Pinguinho Neto
Enviado por Pinguinho Neto em 15/04/2020
Código do texto: T6918005
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