O menino da sinaleira

E sobe a bola, então jogada ao alto...

Fechada, a sinaleira lhe observa.

A lágrima vermelha do olho incauto

Escorre, e sem ser vista, se conserva.

Enquanto desce a bola, as outras dançam,

Nas sujas mãos, em vão esperançosas.

Os olhos de poeira então se lançam

Aos vidros dos maridos e as esposas.

O show é curto e logo ele termina,

Mas qual o quê, começa o vil passeio

Por entre vielas da diária sina

Tragando só fumaça e olhares feios...

Seus horizontes vão sumindo aos poucos

Elétricos, num apertar de dedos.

Os homens aguardando o verde, loucos,

Num misto em pressas, em repulsa e medos...

A sinaleira então sorri, fingida;

Avançam todos num suor de alívios,

Mas ele, ao seu canteiro, em recolhida,

Retorna e espera o ciclo dos martírios...

Pinguinho Neto
Enviado por Pinguinho Neto em 15/04/2020
Código do texto: T6917980
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.