O menino da sinaleira
E sobe a bola, então jogada ao alto...
Fechada, a sinaleira lhe observa.
A lágrima vermelha do olho incauto
Escorre, e sem ser vista, se conserva.
Enquanto desce a bola, as outras dançam,
Nas sujas mãos, em vão esperançosas.
Os olhos de poeira então se lançam
Aos vidros dos maridos e as esposas.
O show é curto e logo ele termina,
Mas qual o quê, começa o vil passeio
Por entre vielas da diária sina
Tragando só fumaça e olhares feios...
Seus horizontes vão sumindo aos poucos
Elétricos, num apertar de dedos.
Os homens aguardando o verde, loucos,
Num misto em pressas, em repulsa e medos...
A sinaleira então sorri, fingida;
Avançam todos num suor de alívios,
Mas ele, ao seu canteiro, em recolhida,
Retorna e espera o ciclo dos martírios...