VERÁS TEU FILHO
Verás que um filho teu chora e desespera
Pois a luta, às vezes, é sobreviver
O solo desta terra engole sonhos
E os homens são meninos
Brincando de pátria.
Verás que o tal sol da liberdade
Arde nas costas de teu povo
Que de heroico tem só a palavra
Esse povo bruto que caminha
Sem espelhar um horizonte.
Verás que na garganta de teu filho
O grito, muitas vezes, é de socorro
E a fome ainda é doença que mata
Esse braço forte não carrega igualdade
Mas ainda suporta o peso de uma cruz.
Verás que a dor faz parte da natureza
A dor apenas, sem nenhuma poesia
E a mãe gentil perdeu seus dentes
Esvaziada de margens e esperanças
Tecendo, no submundo, um novo mundo.