Com licença pelo vernáculo




Com licença dona do tempo,
a vida rola,
preciso ir embora,
romper pelo que fica
antes que o minuto preguiçoso
cresça na hora.
Com licença,
a roda rola,
a bola gira,
o tempo avança
na ponta da lança
o grito, a dor,
o sorriso, o gol,
enquanto a bola rola
a cabeça roda.
Com licença calor de vida,
o tempo enfumaça,
a menina passa,
o véu esvoaça,
a mulher se faz
feito de amor
o berço se embala,
também o fuzil...
Com licença dona da verdade,
nas entranhas da puta que a pariu.
E o tempo roda,
preciso ir embora,
rolar enquanto o vento macio
rompe contra a vida,
na eterna expectativa
pelo que fica, de tudo que se foi.