QUANDO OS HOMENS COMEÇAM A MORRER
Quando os homens começam a morrer
Seus olhos são os primeiros a denunciá-los
Os olhos, na verdade, morrem antes
E, defuntos, só conservam a função do olhar.
Quando os homens começam a morrer
Há um jejum da palavra justiça
E o paladar já é contaminado
Pelo sabor tóxico do orgulho.
Quando a morte principia sua obra nos homens
As mãos deles já não sentem o toque
Os braços não carregam feixes de flores
Apenas suportam o peso de um tempo.
Quando a morte faz abrigo nos homens
Não há mais o perfume de um sonho
Resta aquele odor pútrido
De um cemitério de ilusões.
Quando, de verdade, os homens começam a morrer
A mais bela melodia é como um grito
Eles perdem o assombro da beleza
Respiram, mas são apenas ruínas que marcham.