Inicio meio e fim... Realidade




Avalanche de paredes imundas,
teto de zinco furado, sombra pelo chão,
portal baixo, encosto de mulher,
nem um pão sequer.
Rastro de lama pela porta,
cão passeia de mão em mão,
na boca um só lamento,
um só grito de rastro ao chão.
Favela de tantas dores,
cismas, batucadas e amores.
Festas que o morro desce,
pedra rola, do morro cai.
Beijo a cabrocha sem dono,
peito aberto ao sangue rolando.
Favela refúgio, desequilíbrio social,
de andorinhas em bando,
de pés descalços, aos sonhos desacatos.
Favela dos temporais,
dos adereços e carnavais;
morada dos esquecidos,
namorada dos fugitivos.
Acrópole perdida no tempo
sem uma palavra, um termo;
sombria vergonha de ontem,
hoje és o retrato do teu povo, do teu governo.