MEU GRITO
Quando o verso abrir os olhos
Quando a luta se fizer caminho
Quando amar não for opção
E gaiola não tiver mais ninho
Quando o sonho for uma oração
Quando da flor, suportar o espinho
Quando da chaga aberta: o pus, a podridão
Na dor, poder caminhar sozinho
Quando aquela palavra prisão
No horror, não beber seu vinho
Quando o amor for construção
E do ódio não for mais vizinho
Quando a voz for regeneração
E o silêncio, apenas gesto de carinho
Eu direi à liberdade:
- Se instale no coração do homem!
Ele é a carne da tua mão
É a pele do teu pergaminho
E quando isso acontecer
Mesmo que eu não possa gritar
Escreverei em todos os muros:
Valeu a pena sangrar!