A ROSA DO CIRCO

Rosa era flor murcha sem perfume

Não gostava do seu corpo gordo de bolo

Invejava a irmã, bunda de vaga-lume

Achava seu marido um bêbado, um tolo

Quisera nunca ter tido filhos: dor de cabeça

Quisera nunca ter casado, foi ingenuidade

Quando moça, não sabia o que era tristeza

Hoje, a fome é companheira de verdade

A miséria é seu manicômio e seu lar

Tomou pílulas, ficou intoxicada e não morreu

Foi só uma dor a mais no seu bailar

Bailarina, rodopia nos palavrões como quem tudo perdeu

Um dia, talvez, a filha case com um rico

Traficante. A vida melhore. Se feche o circo

Audsandro do Nascimento Oliveira
Enviado por Audsandro do Nascimento Oliveira em 07/04/2020
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