Mão branca

Será que devo lançar aos teus pés louvores,
enquanto tripudias sumariamente sobre as leis?
Ou será que devo louvar com bênçãos tuas mãos brancas,
que estão negras pelo sangue derramado?
Quem sabe eu deveria exortar-te em meus poemas,
fazendo de ti um baluarte da servidão humana.
Ou talvez eu te ache um exorbitante,
um farsante, covarde, acobertado pelo poder,
legando ao humilde a antecipação da morte.
Quem sabe eu te cuspiria no rosto um amontoado de impropérios.
Não, tu és a “mão branca” das bandeiras azuis,
a epidemia dos delinqüentes,
a glória de tantos covardes.
Tu és a tempestade da baixada,
e que esta procela deflore outras camadas
já sintomáticas de podridão.
És o “cavaleiro vingador”, este é o termo,
em plenos fins de século.
És a glória de um povo,
mas, a triste vergonha deste governo.