Enquanto a pandemia não acabar

Vejo a banda passar,

Não anda tocando coisas de amor

Espalha medo, terror

A morte ronda, espreita

Vem afogar

Um louco, fronteiriço no comando

Volta no tempo, alguns séculos

Derruba a ordem das coisas

Famílias entrincheiradas, armadas

Se defendem

Os bandidos atacam em melícias

Os pobres padecem, são pisoteados

Trucidados morrem

A chefia se ajeita

Distribui armas virtuais

Empolerado no poder

No domingo tem culto

O pastor concilia, perdoa a todos

O mundo segue

A banda volta a tocar

Mas, invés da musíca

Esparge o vírus

O povo ignora

A pandemia reina

Eu tudo noto impaciente

Sem acreditar

O mundo vai acabar

Devido a um maluco

Em seu transloucado sonho

De eliminar a esquerda, o comunismo

De não dar crédito

A ciência, ao novo

Ao funcional, e, tudo derrubar

Com a força da caneta azul

Da ignorância, do populismo ignóbil

Com seus cascos raspados

Na estupidez

Adota o discurso do achismo

Aquele que tudo sabe, vê, crê

A cloroquina, misturada a vodka e o limão

Eliminará

Não existe doença, uma gripezinha apenas

Que não tem efeito catastrófico

Como mostrado na mídia

Balela, o povo precisa trabalhar

Vai lá e grite o país acima de todos

Deus acima de todos de peito aberto

Junte-se ao maluco

Vá bater o bumbo

Tudo vai passar

Até seu funeral

E não vai demorar

Luiz Carlos Zanardo
Enviado por Luiz Carlos Zanardo em 01/04/2020
Reeditado em 01/04/2020
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