Vulnerabilidade Humana: Covid-19
Se eu houvesse de listar
cada guerra ocorrida
Perderia muito tempo
A lista seria comprida.
Vou me ater a duas delas
De massacre exponencial
No início do século 20
A Primeira Guerra Mundial.
Conflitos sempre ocorreram
Na história da humanidade
Cada um deixando a marca
De extrema perplexidade.
Em meados do século 20
Mais um conflito tão real
A humanidade presenciou
A Segunda Guerra Mundial.
Nela, seres humanos,
Dizimados sem compaixão
De variadas maneiras,
De câmaras de gás a canhão.
Naquele período da história
Um tempo de muito horror
Vidas eram finalizadas
Simplesmente devido à cor.
Judeus e homossexuais
Rotulados “ser inferior”
Perdiam suas vidas
Em muitas cenas de horror.
Hiroshima e Nagasaki
Viram inesperadamente
Duas bombas nucleares
Devastarem a sua gente.
Quanto horror!
Quanto massacre!
E corpos lançados ao chão
Milhares de vidas ceifadas
Falta de amor no coração!
Aquele período passou
Feridas não foram curadas
As vidas e suas histórias
Até hoje são lembradas.
Cada nação seguiu em frente
Tentando se reerguer
De tamanha destruição
Pessoas precisavam viver.
Na ininterrupta metamorfose
A humanidade evoluiu
Internet, redes sociais,
Mudanças que jamais se viu.
Quantas mudanças!
Que passo gigantesco!
Fronteiras não mais existem
Mas a vida não tem preço!
Afinal, quanto vale uma vida?
Para uns, um pedaço de pão.
Para outros, o trono, o poder...
E para alguns, não tem preço não.
Algumas ideologias,
De infinitas interpretações,
Denunciam a falta de amor
Em muitos corações.
Homens-bomba,
Misseis, canhões,
Balas, fuzis, aviões,
Tantas explosões!
Do “11 de setembro”
A uma data qualquer
A vida virou brinquedo,
Proteja-se, quem puder!
Tudo supramencionado
A humanidade presenciou
Vivendo e sofrendo na pele
Filmou, escreveu e fotografou.
Mas como as coisas mudam!
Não é fácil defender a vida,
Seja de mísseis, de arma branca,
Também de bala perdida.
Ou mesmo gente armada
Vindo em sua direção
Se esquiva, se esconde,
Procura abrigo, proteção.
E quando o inimigo
Do seu lado está
E não se ver, não se toca,
Que atitudes tomar?
Assim estamos passando
Por momento sem igual
Vidas sendo levadas
Por um inimigo viral.
Wuhan, na distante China
Sars-Cov-2 apareceu
Em humanos pegou carona
E o mundo conheceu.
Agora está aí,
Deixando, onde passa, destruição.
Governos se mobilizando,
Tantas mortes, infecção.
De palácios a cabana
Igualou os seres humanos.
Um inimigo invisível,
Da periferia aos centros urbanos.
Surgiu às escondidas
Mas veio pra devastar
Mudou a vida de todos
Impede-nos de andar.
Cumprimentos afetivos
A quem se encontrar
Em qualquer lugar do mundo
Todos precisam evitar.
O calor humano, então,
Não mais é permitido
E qualquer aglomeração,
Tá tudo proibido.
E na face das pessoas,
Nos quatro cantos do mundo
Máscaras escondem os rostos
Um temor imenso e profundo.
Templos religiosos
De portas, todas fechadas,
Contra um inimigo mortal
Vidas sendo preservadas.
Grandes centros urbanos
Retratos de vidas corridas,
Onde ninguém via o outro,
Era cada um na sua lida.
Agora, andando pela rua
Mesmo com a proibição
Não se ver um ser vivente
É muito medo, meu irmão!
Escolas, agora vazias
Dão a dimensão do problema
Estudar? Viver? Correr o risco?
Eis um grande dilema!
O mundo tá estarrecido
Perante esse padecer
Estão unindo esforços
Para a vida prevalecer.
Vida, vida, vidas!
Outrora sem valor
Porém, atualmente,
Tempo de muito horror.
Corpos sendo enterrados
Centenas num mesmo dia
Parece que no momento
O Sol não mais irradia.
Profissionais da saúde
Incansavelmente a lutar
Presenciam seres humanos
Morrendo por não respirar.
E com essa realidade
Tentando vidas salvar
Também se infectam
E partem, sem esperar.
Caminhoneiros, garis,
Cada um tem seu valor.
Transportando ou limpando
Nos fazem grande favor.
Nas estradas da vida
E sem encontrar o que comer
Transportam mercadorias
Para as cidades abastecer.
Outros, pessoas da limpeza
Das ruas da cidade,
Correm o risco, mas lutam
Em prol da humanidade.
Que tempo difícil esse!
O mundo inteiro parou!
Que fim teremos nós?
E quantos já nos deixou!
Na equidade do momento
Que nação é mais poderosa?
Só unida, a humanidade
Poderar sair vitoriosa.
Que Deus tenha compaixão
De cada ser humano
A vida está nas mãos
Do Único que está
Acima de nós, mundanos.
Devemos fazer nossa parte
Somos cárceres no nosso lar
Sem tornozeleiras eletrônicas,
mas a liberdade não há.
O que ainda nos une
Nesse momento sem igual?
Meios de comunicação
e cada rede social.
Para onde vou ou vamos?
Se é que vamos! Não se sabe.
Status social?
Não faz mais a diferença!
Todos agora somos iguais
Seja morador de rua,
da praça,
debaixo da ponte,
do viaduto.
Ou você do arranha-céu,
do condomínio,
do palácio particular ou presidencial,
da vida suburbana
e não mais humana.
Não mais interessa onde moramos,
mas por quanto tempo.
Todos, agora,
somos parte de um exército.
O líder maior está dentro
do coração de cada um.
O nosso isolamento
É que pode vencer esse inimigo.
Cada um na sua fé
Use sua capacidade
Para clamar pelos seus,
Não vagando pela cidade.
Sars-Cov-2 está solto
Podando-nos a liberdade
Permanecer dentro de casa
É sinal de lealdade:
à vida,
à você,
aos seus entes,
à Deus, Jeová, Alá,
não importa.
Importa mesmo é ser leal,
É VIVER.
Nem em tempo de grandes guerras
VIVER foi tão posto à prova.
Itanhém-BA, 27 de março de 2020.