CORONA: BATALHA NO MUNDO INVISÍVEL

A BATALHA NO MUNDO INVISÍVEL

Por Andrade Jorge

AGÔ

No clarão do dia

num repente um estrondo lá no céu,

era tanta aleivosia que despencava, caia,

manchando o chão, rasgando o santo véu.

Os viventes olhavam, mas não enxergavam

O invisível portal do inferno se abriu,

As antigas profecias dizimavam,

E a escrita se cumpriu.

Mas um grito de guerra distante ecoou,

Ogum com sua espada de batalha da sorte e morte

Riscou o dia, virou a noite, dançou

Combateu com energia o inimigo forte

A guerra se desenrolava e o povo da terra se abatia,

Peste virulenta que disseminava era a doença,

Chorava mãe, mas a reza era tardia,

Tanto tempo se passou, e o povo ímpio perdeu a fé e crença.

Atoto Obaluaê! se ouviu, e entre palhas Ele surgiu,

O Senhor das epidemias, regente dos cemitérios, chegou

Com seu xaxará na mão a humanidade serenou, e o inimigo fugiu,

Ogum arrodeou, e Omolu encurvado o seu canto bradou.

Tem festa na aldeia da Aruanda, vem Mamãe Oxum,

Oxalá sisudo, Xangô justiceiro e raça

Omolu das dores, Iemanjá, rainha do mar, Exu irmão de Ogum

Iansã dos ventos e tempestades e Oxóssi Deus da caça.

Salve os orixás da Aruanda

Venceram, afinal, a demanda!

20/03/2020