VÉSPERAS
Enquanto a bela tarde expira
Enquanto o pássaro suspira
Murmura a fonte um lamento
As ervas dançam ao vento
O sol morre tristemente
Por de trás do verde monte
A voz morre surdamente
Nas fumas do horizonte
Canta a natura, a grandeza
Passam as nuvens ao vento
Vê-se da tarde a beleza
Minh’alma suspira um tormento
E a Lua sobe tranquila
Do Sol, a força roubando
Como Sansão e Dalila
Dele, os cabelos cortando...
Eis o silencioso momento
Que chega augusto e sereno...
A hora languida do tempo
Que torna um instante ameno...
Expressa a poesia o que sente
A Terra que louva a Mãe pia!
Desce a noite e... calmamente
Cantam os anjos – Ave-Maria...!
(Cassino-RS, fevereiro 1939)