Parto

À queda em si, viu-se envolta nas trevas

Ao quente sentiu delas vir o alimento

Dormia e acordava tranquila e quentinha

Tão só sossegava, bem calma e serena

Uns vultos e vozes, vão-vêm, vigiava

De vê-los e ouvi-las refém, sacudia

À ação, reagia bem sua persona

Terceira de Newton trazida à tona

E nada entendia ou compreendia

Ciências nem crenças a completariam

Lugar de encanto com gosto de eterno

Gostoso era o canto, ditosa era a vida

Até que sentiu-se muito apertadinha

Do pé o espacinho só diminuía

Mexeu-se mexeu-se bem incomodada

Mas interrompeu-se e prestou atenção

Os vultos e vozes cresciam bastante

Voltavam os gritos, sumiam do nada

Liz viu uma luzinha acendendo bem forte

Luzindo a caverna escura e um corte

Aos poucos viu separação noite e dia

O seu haja-luz era o que acontecia

Aquela casinha tão fofa a empurrava

Daquela luz vinha uma mão que a puxou

Vem frio sai calor, fez-se tudo mui claro

Os olhos com dor e a pele enrugadinha

Tão devagarinho seus olhos abriu

E viu de onde vinham os barulhos contentes

Aos rostos cobertos do choro feliz

Já amou o papai, e a mamãe muito quis

Ó Liz, sê bem-vinda ao mundo dos loucos

Que se autodestroem em imundas ações

Nós todos mordemos o fruto sapiente

À sede cedemos p'la caixa pandora

Matamos moinhos, c'roamos ao Pança

Roubamos donzela, no equino vingada

Cobiça lançada no trono alheio

Penél'pe forçada a escolher um dos bárbaros

Pintamos dizemos fingimos bondade

Mas co'arte e ciência coagimos ao mau

Liz, sê o haja-luz que ordena este caos

A fonte de paz e harmonia entre as naus

O amor fraternal entre a cor e a idade

A cura dos males pela eternidade

Vittor Az
Enviado por Vittor Az em 12/03/2020
Reeditado em 04/12/2021
Código do texto: T6886427
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