Parto
À queda em si, viu-se envolta nas trevas
Ao quente sentiu delas vir o alimento
Dormia e acordava tranquila e quentinha
Tão só sossegava, bem calma e serena
Uns vultos e vozes, vão-vêm, vigiava
De vê-los e ouvi-las refém, sacudia
À ação, reagia bem sua persona
Terceira de Newton trazida à tona
E nada entendia ou compreendia
Ciências nem crenças a completariam
Lugar de encanto com gosto de eterno
Gostoso era o canto, ditosa era a vida
Até que sentiu-se muito apertadinha
Do pé o espacinho só diminuía
Mexeu-se mexeu-se bem incomodada
Mas interrompeu-se e prestou atenção
Os vultos e vozes cresciam bastante
Voltavam os gritos, sumiam do nada
Liz viu uma luzinha acendendo bem forte
Luzindo a caverna escura e um corte
Aos poucos viu separação noite e dia
O seu haja-luz era o que acontecia
Aquela casinha tão fofa a empurrava
Daquela luz vinha uma mão que a puxou
Vem frio sai calor, fez-se tudo mui claro
Os olhos com dor e a pele enrugadinha
Tão devagarinho seus olhos abriu
E viu de onde vinham os barulhos contentes
Aos rostos cobertos do choro feliz
Já amou o papai, e a mamãe muito quis
Ó Liz, sê bem-vinda ao mundo dos loucos
Que se autodestroem em imundas ações
Nós todos mordemos o fruto sapiente
À sede cedemos p'la caixa pandora
Matamos moinhos, c'roamos ao Pança
Roubamos donzela, no equino vingada
Cobiça lançada no trono alheio
Penél'pe forçada a escolher um dos bárbaros
Pintamos dizemos fingimos bondade
Mas co'arte e ciência coagimos ao mau
Liz, sê o haja-luz que ordena este caos
A fonte de paz e harmonia entre as naus
O amor fraternal entre a cor e a idade
A cura dos males pela eternidade