Carnaval curitibano
No meio da noite, um estouro.
E de repente outro.
E mais outro.
E outro, e mais.
Aos poucos nasce uma melodia estridente
em meio a um coral de gritos desesperados.
Eis a marchinha mais tocada no Carnaval curitibano
(e em outras épocas do ano também):
um misto de balas de borracha
com bombas de efeito moral
e ossos quebrando em meio a cacetadas.
É um ato gratuito de amor armado
àqueles que não são próximos.
Mas a culpa não é da polícia
nem dos políticos.
A culpa é dos foliões.
Afinal,
alguém pediu alvará para ser feliz?
Enquanto isso
aqueles que não quiseram participar da festa,
aplaudem o repressivo espetáculo
e não tinha como ser diferente.
Só a ponta da espada
para curar essa gente louca,
essa gente absurda,
essa gente que canta,
que dança, que beija,
essa gente que vive.
Por favor, alguém os avisa
que a vida foi feita para se morrer?