O vento que ninguém vê
Ele era como o vento.
Ninguém o percebia, até ele ficar nervoso.
Era um coitado, largado, desempregado.
Morador de rua, sem roupa de grife, nem carro de luxo.
Não usava ouro e nem perfume importado.
Um dia ele bebeu muito e estava muito nervoso com alguém que jogou água, sabe poça de água de chuva? Sim um carro fez questão de passar perto esguichando água no senhor mendigo.
Já não bastava o frio e fome que passava e ninguém o ajudava!
Ele bebeu. Bebeu muito. Para esquecer que existia. E passou a gritar.
Seus berros assemelhavam ao som de ventos fortes prontos para destruir o que estivesse em sua frente.
O bêbado caiu, murmurou e dormiu todo molhado da chuva.
Quem o viu? Ninguém! O vento não pode ser visto.