RONDA
Salto do meu casulo
pra rondar esse mundo meio chulo,
onde está a festa?
espio pela fresta,
vejo nuvem de fumaça pairando
no fundo do bar da estação,
um crime acontece na esquina da perdição,
mas ninguém liga não;
As mesmas mulheres desvairadas no prostíbulo opaco,
mercado freqüentado pelo mesmo homem fraco,
Onde ouço gritos de desejos,
Respirações da luxúria ofegante,
som estridente de beijos,
dessas mulheres o amor está distante;
Lá na praça dos ventos uivantes, cortantes,
o berro dissonante do vendedor de ilusão:
hoje dá avestruz!
E sentados nos bancos, muitos sonhos passados
em olhares cansados,
cada um carregando sua cruz;
Embaixo do viaduto
observo anjos sem asas, amargurados, derrotados
o vício é o salvo conduto
salvo conduto cruel, linha direta para o inferno
que onda é essa?
Essa é a onda,
fica tudo na promessa
de um voto nulo,
uma cartada genial;
Assim finalizo minha ronda,
penalizei-me nesta visão infernal
entristecido volto pro meu casulo.
Afinal, tudo continua igual.