A Cidade dos Mortos-vivos
Muito se falou de política e corrupção
E pouco de poesia.
Alardearam a violência e a morte
E pouco de humanidade.
Professaram uma fé de interesses
E pouco se ouviu de Deus.
Venderam sucesso e prosperidade
Embalados em uma mortalha de ouro
E a vida foi renegada e jogada em vala rasa.
Venderam diplomas de Doutor
Mas se esqueceram do manto
Da sabedoria em algum sótão empoeirado.
Palavras foram proferidas para falar de nada
E o Templo da Verdade foi profanado
Com teorias inovadoras e... Inúteis.
A mão que afagou em doce
Acalanto foi a mesma que num
Gesto insano desfechou o golpe fatal.
Vendeu-se a honra e o caráter
Em feira livre como queima de estoque.
Chamou-se de antiquado e ultrapassado
Quem se indignou com o mau-caratismo,
Vendido com estardalhaço em horário nobre.
Desgraças e maldades foram expostas
Como carne em açougue em telas de LCD
Para deleite da morbidez e das taras humanas.
Estoques de ações e papel-moeda
Ultrapassaram nas Bolsas de Valores
O valor de seres subumanos
Que degradados ao limite
Morreram em becos imundos,
Diante do mural da hipocrisia.
Este é legado que deixaremos para
As novas gerações como um futuro promissor?
A Cidade dos Mortos-Vivos?