O gosto e o desgosto do índio
Geralmente os índio guaranis, caiuás, nhandeva e até os terenas (estes últimos com menos intensidade) aparecem na cidade (Dourados, neste caso), pedindo "pão velho". Um dia um destes apareceu um em minha casa e fez o seu pedido e eu preguntei se ele gostava de macarronada. Sua resposta foi instantânea: "- Nunca comi, mas eu gosto!" Esta resposta singular me fez escrever esta poesia:
Índio gosta de macarronada?
"Nunca comi, mas eu gosto,
não interessa o gosto
se alimenta, não tem nada!"
Índio tem namorada?
"Não namoro, mas eu gosto,
se encontrar uma, eu encosto,
mas não tenho uma morada!"
Índio gosta de carro?
"Não tenho, ando à pé;
não terei, não tenho fé,
é triste a história que narro!"
Índio gosta da cidade?
"Gosto, mas vivo na aldeia;
a cidade é uma cadeia;
lá eu ando à vontade!"
O índio vive feliz?
"Não, bem qu'eu gostaria,
sou miséria e o povo ria
não sei o que foi que eu fiz!"
Este texto está inserido no livro ETNIAS OLVIDADAS sob o ISBN nº 85-98598-20-8