SER INVISÍVEL
Eu sou mais um que implora
Por um mísero tostão
Eu sou aquele que chora
Quando o filho pede pão .
Eu sou o moribundo desprezível
Que sequer tem identidade
Eu sou aquele ser invisível
Aos olhos da sociedade .
Para não sermos um empecilho
Pedimos em inúmeros sinais
Mas eu e meu filhos
Ainda somos tratados como marginais .
Não entendo essa violência urbana
Nem tão pouco seus motivos
Só tendo uma alma insana
Para querer nos queimar vivos .
Minhas crianças tremem de frio
Cobertas apenas por um jornal
Mas se não às vigio
Alguém pode lhes fazer o mal .
Minha companheira chora todo dia
Por vivermos nesta situação
Chorando digo assim pra Maria :
- Chora não meu coração .
Um dia nosso país toma jeito
E os homens de gravata se unirão
Aí agente vai ter respeito
Emprego , moradia e pão .
Nossos filhos poderão estudar
Mostrando assim o seu valor
E não custa nada sonhar
Com um deles sendo doutor .