Esperança há de brotar

Rebordosas águas do mar

em fúria

cortante

trazendo de longe

em gritos uivantes

nos braços de ondas infantes

a esperança, a paz.

Esperança há

mesmo que tombem os corpos

alije a alma

adoeça a cabeça

dizime-os, me dizime

queime-nos feito couraça.

Que de nós

sois infames

querem só

a humilhação da massa

a exclusão, a fome

a trapaça.

- Querem nosso fim!

Pois quem hoje

fere

há pouco estava sorrindo

um riso tremido

morrido de amor.

Hoje ministros

donos do infinito

de um país denegrido

pelo caos, pela dor.

São mandantes

Generais de estrelas tais

miliciantes.

Mas a esperança caminha

por onde a guerra passa

mesmo que a fome arda

mesmo que a morte aja.

São ventos de um novo temporal

tristes à urgir

os poderes do mal

da elite boçal

branca

do mando pastoral

pa-tri-ar-cal.

- Óh, velho imoral!

Há esperança, meu irmão

pois não acabarão

com o tanto de afeto

a poesia e o abraço fraterno

a solidária mão.

- Avante!

avante cantando

caminhando a passos

olhando aos olhos

resistindo à prisão.

- Esperança!

o que nos resta.

Esperança há

de brotar.