CÂNTICO DOS MISERÁVEIS
São brancos, pardos e pretos
em andrajos nauseabundos
pelos becos, cantos e guetos
são miseráveis vagabundos
Humanos isentos de proteção
desgraçados passam e pedem
De onde diabos são oriundos
famintos, eles clamam por pão
párias pedaço do nosso mundo
Eles sobrevivem de não em não
à intolerância do nosso escarro
sem olho no olho ou esbarro
o melhor companheiro, seu cão
sob viadutos, pontes e marquises
status quo infelizes
submissos à força do tempo
ao escárnio da chuva
aos caprichos do vento
à mão que se estende
fingindo caridade
ao lixo que lhes supre
com muito mais dignidade