Mais um pobre incendiado!
O pobre estava ali
Freqüentava a cantina
A quadra esportiva
A balada, faculdade
O aeroporto e até
Viajava de avião
Concorria de igual pra igual
O emprego, o concurso, curso.
Verdade seja dita
Com muita luta, sacrifício e dor.
Aceitava-se a presença
Abrigava-se a aparencia
Pelo menos
Pouco tempo durou.
Aceitar por imposição
Passional fica!
Como tal impõe-se a rejeição
Não é mais cabível no mesmo local
Não é obrigação tolerar o infortunado
Ou menos afortunado
Não merece este ambiente que agora é de poucos
Pode-se varrê-lo da esquina, da cantina
Enxotá-lo da quadra, derruba-lo do avião
Se não gostar do seu cheiro
Incendeie; pobre é pobre!
Só esta assim por que quer!
Chance e oportunidades são de todos...
Não merece perdão!
Afinal sempre tolerou-se a morte do pobre
Incentivou-se e incita-se mais atualmente do que d’antes
Muitas vezes foi espetáculo aplaudido de pé
...E o é neste momento!
Pobre é pobre, subgente, subhumano?
Não é cidadão?
Pobre não sente frio, fome, sede?
Não pulsa em suas veias sangue, nem ar nos seus pulmões?
Não respira, não vive?
Pobre não é seu irmão?