Mais um pobre incendiado!

O pobre estava ali

Freqüentava a cantina

A quadra esportiva

A balada, faculdade

O aeroporto e até

Viajava de avião

Concorria de igual pra igual

O emprego, o concurso, curso.

Verdade seja dita

Com muita luta, sacrifício e dor.

Aceitava-se a presença

Abrigava-se a aparencia

Pelo menos

Pouco tempo durou.

Aceitar por imposição

Passional fica!

Como tal impõe-se a rejeição

Não é mais cabível no mesmo local

Não é obrigação tolerar o infortunado

Ou menos afortunado

Não merece este ambiente que agora é de poucos

Pode-se varrê-lo da esquina, da cantina

Enxotá-lo da quadra, derruba-lo do avião

Se não gostar do seu cheiro

Incendeie; pobre é pobre!

Só esta assim por que quer!

Chance e oportunidades são de todos...

Não merece perdão!

Afinal sempre tolerou-se a morte do pobre

Incentivou-se e incita-se mais atualmente do que d’antes

Muitas vezes foi espetáculo aplaudido de pé

...E o é neste momento!

Pobre é pobre, subgente, subhumano?

Não é cidadão?

Pobre não sente frio, fome, sede?

Não pulsa em suas veias sangue, nem ar nos seus pulmões?

Não respira, não vive?

Pobre não é seu irmão?

Luiz Carlos Zanardo
Enviado por Luiz Carlos Zanardo em 06/01/2020
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