Ser ou não ser humano
Ali na calçada seres sub-humanos
Amontoados, enrolados em jornais
É notícia velha – não causa mais danos
Manchetes que não interessam mais
E afeminado deformado
Na base de pontapés e socos
Para civilizados, a vergonha é demais
Para animais, ouvidos moucos
Em antítese como alternativa ao horror
O politicamente correto vem se apresentar
E guardiões do status quo com seu furor
Já aparecem querendo desqualificar
“É muito mimimi, sempre foi assim”
Assim um idiota reconheci
Pelo perpétuo de gerações sem fim
No nojo sentem um frenesi
Entre néscios inocentes, raivosos conscientes
Do obscuro, atalaias
Saudosos são descrentes
Que brincadeiras escaparam das raias
E de suas baias discursam impunemente
“Sempre brinquei e não virei assassino”
Esquece que idiotas são sugestionados facilmente
E exacerbam seus desatinos
E para “viadinho”, “neguinho”, e outros termos chulos
Que recheiam piadas é preciso educar para um basta
Pois no porrete, onde o discernimento é nulo
De personagens viram vitimas de pessoas nefastas
Humor sem atacar uma minoria não te satisfaz?
Sua graça perde eficiência?
Será que você é capaz?
Ou é um desafio para além da sua sapiência?
Entenda que sua palavra sem ação
Pode endossar a de monstros doentios
Que se nutrem do ódio como ração
Você pode não ser fogo, mas é pavio
Então nunca fale antigamente era assim
Veja no que deu
Se o que vemos não é o fim
Seu discernimento morreu
E queres continuar a trilhar o mesmo caminho?
Este que nos trouxe neste lugar?
Repisando no mesquinho
Tenho medo aonde vamos chegar
Se para você não deu em nada
Entenda que as palavras tem poder
Ah, mas foram distorcidas, descontextualizadas
Este é um risco que você deveria prever
Neles sua inconsciente sugestão se realiza
E quem lava as mãos também tem culpa
Arrancaram as balizas
Agora vemos idolatrarem “Ustras”
O mundo está ficando mais chato?
Você tem escolhas a fazer
Meu mundo está mais violento é um fato
Luto para o respeito prevalecer
Uma tese ferrando o mundo
A antítese sendo atacada
O “fazer alguma coisa” moribundo
Melhoras ficando pela estrada
E do armário para a história
Discursos bonitos parecem presentes
Verdadeiros cavalos de Tróia
Desgraçando as fracas mentes
Vestir de cômico é um mecanismo
Ponha óculos de ultra visão
Verás a cadela do fascismo
No cio, em busca de diversão
Diversão do caminho do progresso
Para continuar tudo como antes
Para desavisados faz sucesso
Em mentes vazias um eco retumbante
Eu sei que devemos cuidar da nossa saúde
E brigar contra o errado pode nos fazer mal
Quiçá acelera nosso destino para um ataúde
Mas o egoísmo de abandonar a luta nos faz pessoas sem sal
Então faça tua vida ter sentido
E não se cale diante de injustiças que tiver conhecimento
E na morte que tenha a sensação de dever cumprido
Pois para ser humano precisa de engajamento