AURORA

AURORA

O empenho miserável de uma arma,

Estranha aos democráticos preceitos,

Diz mais sobre o respeito que nos falta

Do que diria o nosso livro de Direitos!

E a cada disparar do chumbo ardente

Que sempre atinge a um corpo injustiçado,

Mostra-se mais e mais sobre o doente

E perigoso – excessivo – poder do Estado!

Em soma a isso vê-se com clareza,

Sempre que fitamos o olho de um soldado,

Todo o seu ódio – a ignorante certeza –,

Pois que é ele – como a vítima – coitado!

Há de um dia haver a justa sentença

E a libertação do injusto condenado;

Será a condenação de quem a pertença

E será o pobre sujeito então exaltado!

Neste dia, porque há de haver a liberdade,

E também exacerbado desprezo pelo excesso,

Se estenderá em todo o juízo da cidade

A isonômica justiça de um processo!

As bandeiras, todas em punho, hasteadas,

Juntas dos populares e dos vibrantes gritos,

Mostrarão as forças conjuntas emanadas

E a cessão de todos os cruéis arbítrios .

Enfim eu narrarei a nova aurora da ideia;

Desejarei ao mundo inteiro a justa união!

Verei o povo, unido, e a majestosa estreia

Da esperada e legítima Revolução!