Fato inconteste
Fato inconteste
Tenho um tempo precioso demais
para me abater com pequenas coisas.
Pequenas cosias
são esses olhares atravessados de quem já amanheceu amargo, sem um sorriso nos lábios
ou gesto de gratidão.
Prefiro olhar as flores
e beber uma xícara de café, aquecer o coração
e sorrir para o presságio de mau tempo.
Quem acorda amargo
tem o sutil poder de amargar todo o dia
das outras pessoa...
Não tenho tempo,
dou um basta
porque o novo dia
é sempre uma nova jornada: abraçar mais,
aborrecer de menos,
beijos múltiplos
e desgostos divididos...
Não tenho tempo
de ficar preso ao desprazer,
a vida é um convite
para a felicidade nova.
Não tenho tempo
de alimentar a miséria da alma alheia
de deixar que o lodo do outro
contagie
o meu prazer em viver...
Gasto meus momentos com a lucidez
de ter plantado as sementes
e colher os frutos
da plenitude de estar vivo.
Tenho tempo de sobra
para elogiar as pessoas que chegam
os amigos que partem
e o claro desabrochar
das novas oportunidades.
Bato bem a poeira do meu coração
antes de deitar e dormir.
Faço a higiene diária da minha emoção
para que nada possa amadurecer
ao ponto de se estragar...
Pequenas coisas são daninhas
estragam uma plantação inteira
como parasitas
que usurpam as forças todas.
Por isso evito apertos de mãos desaquecidos
e frivolidades sórdidas.
A vida não é uma reta, tem as suas curvas
Embora não haja uma receita exata
É possível desviar das sobras que não nos leva a nada...
É preciso aliviar os fardos
e deixar que o tempo leve
todos os fardos excessivamente pesados.
Marcus Vinicius