DESTINO

Te condicionaram para acreditares

que tu és a causa da tu mesma pobreza.

Te violentaram para retirar

de tua vontade a força que exerce

essa vontade internamente.

E tu acreditaste na cruz, no palio

e na esperteza do filho do patrão

ser inteligência.

Eles guiaram teu caminho

a favor da desobediência,

através dos sacerdotes, ajoelhando-te na mesa;

por meio dos senhores,

obrigando-te a baixar continuamente a cabeça,

século a século,

sem tu saber ser

também carne os restos do teu silêncio.

E no mercado de valores deste tua alma ao peso,

forçando-te a aceitar

num falseado contrato social a morte dos teus direitos.

Esse foi outro selo de escravidão, para teu coração ardente.

Daí nasceu o rebelde, que ainda hoje sentes,

teus filhos pregando a fome,

tu desafiando o sistema, que os submete,

somente por eles, por elas: para que eles, elas, acreditem

seu pai nunca, sua mãe nunca, se rendem.

Com nacos de pão como regaço

tentaram comprar tua prudência

os amigos da pátria, que vendem aos negociantes

todos os rios e todas as florestas

da mãe que exausta nos céus

chuva em suas lágrimas verte, bebendo,

a soberania maior, que sempre foi feminina de amor aberto.

Vendem o Tesouro da pátria, os infiéis embruxadores,

fardados, sempre, com a improvisada bandeira

nacional a sua conveniência

… Acima da varanda da casa, para servir-lhes de proveito:

comem as suas cores, com o ouro amarelo

que obtenham, de regalar-lhes aos ladroes

todo o património dum povo, convertido em pequeno.

Fica muito ainda por sonhar,

a esperança nunca se perde.

Volta a internar-te outra vez no meio

da mais íngreme selva.

Se teu filho te procurar

diz-lhe que esse caminho não lhe pertence

Para morrer por amor, somente no nome do pai verdadeiro.

Ele tem de voltar, suplicar com clemência.

A quem vão agora a julgar?

Já mataram tantos homens e mulheres independentes...

Resistimos, resistiremos sempre.

Nunca deixaremos eles possuam nossa Terra,

nossa língua, nosso amor, nosso sangue em movimento.

Quando abandoneis o medo

eles perderão para sempre seus privilégios.

Sua corda não poderá apertar-nos mais,

suas cadeias pó serão entre nas nossas veias ardentes.

Sua armas, sem filhos soldados, que se aprestem a trocar

um pedaço de fuzil, por um sonho morto no adentro,

puramente falsa eloquência.

Mandaremos com amor

suas almas diretamente ao inferno.

Com amor deitado no rigor

com rigor no amor impresso...

A e terra voltará a ser dos filhos e filhas da luz verdadeira,

a Terra é daqueles que nunca venderam

sua dignidade por um mísero enterro.

Deixai as joias no cofre do ladrão,

deixai as moedas nas mãos sujas do avarento.

Deixai nosso peito respirar

não permitiremos que queimem nossas florestas

Ainda havemos muitos homens e mulheres de morrer

defendendo os livres direitos

ate que os filhos dos nossos filhos podam caminhar

deslcalços e nús de novo pela Terra...

Colhidos sempre pela mão,

num mesmo destino todos os povos deste planeta.