Rosa negra de Assunção
Negra rosa
Rosa guerreira
Sob o sol ardente,
no meio da roça,
Sua pele negra suada é de dar dó.
Suas costas estão curvadas de canseira,
e seus dedos estão sujos de pó.
Negra rosa,
suas pétalas estão murchas.
Há tantas rugas em seu rosto sujo de carvão.
Há tantos espinhos em suas roupas surradas,
e existem mais calos do que dedos em suas mãos.
Por que não foges, negra?
Antes que morra com tanta agressão?
Rosa negra
Murcha, prestes a morrer.
Seu estômago faminto dói
mas seu corpo não se atreve a ceder.
Faleceu, Rosa negra de Assunção.
Obs: A poesia acima ilustra uma situação de escravidão colonial, mas também pode ser aplicada ao dia a dia em situações cotidianas de trabalhos abusivos com condições degradantes, as quais a mulher negra e/ou pobre se submete para garantir o seu sustento, e de sua família. A poesia é uma homenagem a bravura e a resistência dessas mulheres. Mesmo nos dias de hoje, podemos facilmente encontrar várias rosas negras por todo o Brasil.