Rosa negra de Assunção

Negra rosa

Rosa guerreira

Sob o sol ardente,

no meio da roça,

Sua pele negra suada é de dar dó.

Suas costas estão curvadas de canseira,

e seus dedos estão sujos de pó.

Negra rosa,

suas pétalas estão murchas.

Há tantas rugas em seu rosto sujo de carvão.

Há tantos espinhos em suas roupas surradas,

e existem mais calos do que dedos em suas mãos.

Por que não foges, negra?

Antes que morra com tanta agressão?

Rosa negra

Murcha, prestes a morrer.

Seu estômago faminto dói

mas seu corpo não se atreve a ceder.

Faleceu, Rosa negra de Assunção.

Obs: A poesia acima ilustra uma situação de escravidão colonial, mas também pode ser aplicada ao dia a dia em situações cotidianas de trabalhos abusivos com condições degradantes, as quais a mulher negra e/ou pobre se submete para garantir o seu sustento, e de sua família. A poesia é uma homenagem a bravura e a resistência dessas mulheres. Mesmo nos dias de hoje, podemos facilmente encontrar várias rosas negras por todo o Brasil.

Gilson B de Souza
Enviado por Gilson B de Souza em 29/11/2019
Reeditado em 29/11/2019
Código do texto: T6806452
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