Poema sobre um velho bêbado

Ainda que andasse cambaleante

Sabia os passos largos

Um senhor de muita idade

Com certeza com feridas no caminho

Aquele homem me pus a observar.

Primeiro ele olhou o céu

Viu que as estrelas brilham para todos

Sorriu, bebeu, conseguiu se equilbrar.

Depois um pouco de mansinho

Foi se sentando

E então

Na calçada os prantos caíram.

Chorava o homem bêbado

Um velho que voltava a ser criança.

Aos poucos me aproximei

Perguntei o seu nome

Ele me olhou desconfiado

Mas disse "José"

E eu brinquei "homem de fé"

Ele sorriu entre vórtices de lágrimas em seu rosto.

Indaguei sobre a tristeza

Ele disse

"isso há de passar".

O velho me contou a razão do pesar

Aquele era o dia do casamento

O de sua filha.

Não fora convidado

Pois não era bem-vindo

O velho bêbado preferia ter morrido

Pois para ele não havia destino.

Gabriel Meira
Enviado por Gabriel Meira em 26/11/2019
Código do texto: T6804561
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