DO OUTRO LADO DO MURO

Do outro lado do muro

Há ursos enfurecidos

Há raposas desconfiadas,

Camelos desprotegidos

Há alces descongelados

Hienas desinibidas

Soldados desesperados

Em posição de sentido

Há leões que já não sabem

Se são mansos ou ferinos

Há gigantes tão pigmeus

Há Nilos tão riozinhos

Há diamantes raros

Levados ao descaminho

Há uns que rezam ao diabo

E sorriem como anjinhos

Há outros que apunhalam

E pousam de amiguinhos

Nem só ianques há no muro

Nem só latinos por cá

Nem só judeus atirando

Nos seguidores de Alá

Há sem-terras que alugam

Resorts para descansar

Índios querendo ser brancos

Para driblar a estupidez

Brancos que se dizem índios

Para não perder a vez

Aplumbeados proclamam:

Sou da família d'ocês.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 30/10/2019
Reeditado em 30/10/2019
Código do texto: T6782748
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