DO OUTRO LADO DO MURO
Do outro lado do muro
Há ursos enfurecidos
Há raposas desconfiadas,
Camelos desprotegidos
Há alces descongelados
Hienas desinibidas
Soldados desesperados
Em posição de sentido
Há leões que já não sabem
Se são mansos ou ferinos
Há gigantes tão pigmeus
Há Nilos tão riozinhos
Há diamantes raros
Levados ao descaminho
Há uns que rezam ao diabo
E sorriem como anjinhos
Há outros que apunhalam
E pousam de amiguinhos
Nem só ianques há no muro
Nem só latinos por cá
Nem só judeus atirando
Nos seguidores de Alá
Há sem-terras que alugam
Resorts para descansar
Índios querendo ser brancos
Para driblar a estupidez
Brancos que se dizem índios
Para não perder a vez
Aplumbeados proclamam:
Sou da família d'ocês.