Poesia Febril
Poesia minha de valor escurecido
ao findar da noite jovem e arredio
meu coração nublado e entristecido
vaga soturno num pálido sonho febril.
Murmuram aos ventos fortes destemidos
versos exaustos qual lágrimas de perdedores
e o ventre inerte de seres vís e deloridos
gemem, clamam com seus surdos louvores.
E no desconhecido agreste das priscas paixões
dilaceram entre os vícios, os desejos: impávida morte
em almas algemadas famintas de sonhos e ilusões
guerreando pela carne que sangra ao profundo corte.
E eu inflamado poeta de tempos escravizados
lastimo pela sorte ausente de amor e de esperança
com pensamentos dormentes e orgulhos enraizados
sem poesia, sem alegria: despedaçada aliança.