YAYÁ

Ninguém leva a Yayá à sério... É um mistério

Mordaz, abre a boca, só sai impropério

Ameaça, aponta o dedo, que impere o medo

Não sabe nem dançar, quer ser porta-bandeira

Arranjar lugar no desfile pra família inteira

Yayá não perde um holofote, mas não ilumina

Atenta a oportunidade, tirar alguma vantagem

Pronta a dar o bote, inventa sacanagem

Engana mais que manequim na vitrina

Se preciso disfarce, muda a maquiagem

Fica esperta Yayá, passado não se conserta

Yayá do falso sorriso e risadinha esquisita

Quer ser destaque, a fantasia mais bonita,

Atrasa ao ensaio, reclama do horário

Empurra a fila pra sentar na janelinha

O mundo da Yayá deve girar ao contrário

Yayá... Yayá... Melhor você entrar na linha

Yayá, criança arredia, fugia da escola

A namorar o mais sarado jogador de bola

Tivesse posse, podia ser afrodescendente

Se engraça com as moças das esquinas do cais

Yayá não tem limites, quer mandar na gente

Colocar os demais foliões de joelho

Dá um pouco de paz, Yayá, seu papo é meia boca

Yayá e suas manias, talvez meio louca

Diz-se malandra, jura não dormir de touca

O boato pela quadra é que Yayá não se enquadra

Uns dizem que é polícia, outros juram é milícia

Andar com Yayá é formação de quadrilha

Yayá... um conselho, você nem merecia

Pare de jogar água fora da bacia

Yayá se mete em tudo, adora palpites,

Odeia disciplina, tem repentes, desatina,

Nem pede aparte, quer meter o bedelho

Mudar a cor do estandarte, não gosta do vermelho

Tenho para mim, seu desfile está quase no fim

Você é dose, Yayá... não merece apoteose

Para sincero, Yayá... quando lhe vejo

Tenho um desejo:

Pernas pra que te quero...

Yayá

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 11/10/2019
Reeditado em 11/10/2019
Código do texto: T6766538
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