YAYÁ
Ninguém leva a Yayá à sério... É um mistério
Mordaz, abre a boca, só sai impropério
Ameaça, aponta o dedo, que impere o medo
Não sabe nem dançar, quer ser porta-bandeira
Arranjar lugar no desfile pra família inteira
Yayá não perde um holofote, mas não ilumina
Atenta a oportunidade, tirar alguma vantagem
Pronta a dar o bote, inventa sacanagem
Engana mais que manequim na vitrina
Se preciso disfarce, muda a maquiagem
Fica esperta Yayá, passado não se conserta
Yayá do falso sorriso e risadinha esquisita
Quer ser destaque, a fantasia mais bonita,
Atrasa ao ensaio, reclama do horário
Empurra a fila pra sentar na janelinha
O mundo da Yayá deve girar ao contrário
Yayá... Yayá... Melhor você entrar na linha
Yayá, criança arredia, fugia da escola
A namorar o mais sarado jogador de bola
Tivesse posse, podia ser afrodescendente
Se engraça com as moças das esquinas do cais
Yayá não tem limites, quer mandar na gente
Colocar os demais foliões de joelho
Dá um pouco de paz, Yayá, seu papo é meia boca
Yayá e suas manias, talvez meio louca
Diz-se malandra, jura não dormir de touca
O boato pela quadra é que Yayá não se enquadra
Uns dizem que é polícia, outros juram é milícia
Andar com Yayá é formação de quadrilha
Yayá... um conselho, você nem merecia
Pare de jogar água fora da bacia
Yayá se mete em tudo, adora palpites,
Odeia disciplina, tem repentes, desatina,
Nem pede aparte, quer meter o bedelho
Mudar a cor do estandarte, não gosta do vermelho
Tenho para mim, seu desfile está quase no fim
Você é dose, Yayá... não merece apoteose
Para sincero, Yayá... quando lhe vejo
Tenho um desejo:
Pernas pra que te quero...
Yayá