Uma triste despedida
Francisco Alber Liberato
Rui Soares Bezerra
Sonhando melhorar de vida
Deixei lá no meu sertão
A mulher mãe dos meus filhos
Dona do meu coração
Foi uma triste despedida
Embarquei no trem da vida
Com muita dor e emoção
A viagem será bem longa
Não sei quando irei chegar
Só percebo que a saudade
Começa meu peito apertar
Na mente as lembranças
Da amada e das crianças
Que ficaram a me esperar
Na bagagem a saudade
Na certeza a esperança
De chegar a são Paulo
Com grande confiança
Conseguir um serviço
Honrar o compromisso
A amada e as criancas
No trem da vida eu sigo
Levando na bagagem
Uma farofa de frango
Pra comer na viagem
Meu dinheiro era pouco
Não sobrou nada de troco
Só deu pra passagem
Seguindo minha viagem
Sem de nada reclamar
Pedindo proteção a Deus
Rogando pra ele me ajudar
Eu sempre esperançoso
De ser um dia um vitorioso
E pra minha família voltar
Um punhado de dinheiro
Com fé ei de ganhar
Vou trabalhar bastante
E sempre economizar
Tudo que for ganhando
Vou logo providenciando
Pra minha familia enviar
Cheguei a São Paulo
Fiquei todo admirado
Com a altura dos prédios
E gente pra todo lado
Com a mala na mão
No meio da multidão
Achei-me preocupado
Procuro serviço todo dia
Mais não consigo nada
Minha vida tá ficando
Ainda mais complicada
Cato latinha e papelão
Isto é o meu ganha pão
Fiz da rua minha morada
No cimento da calçada
Deitado começo imaginar
O que neste momento
Minha amada está a pensar
Talvez que eu a abandonei
E nada pra ela mandei
Porque não quis mandar
Só que na realidade
Aqui estou padecendo
Sem trabalho, sem alento
Na rua estou vivendo
Tenho fé no Padim Ciço
Vou conseguir serviço
E acabar meu sofrimento.