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BALAIO DE GATOS
 
 

Paz não se colha do raio
nem brilhante do penico;
assim também num balaio
de gatos cheio, bem rico,
não paste um cavalo baio,
porque vai sofrer fanico.
 

Isto aqui, no meu país,
hoje um balaio de gatos,
chafurdo, como se diz,
pintado em rotos retratos,
onde um sistema infeliz
à Amazônia dá maus-tratos.
 

Para acobertar grileiros,
barões latifundiários,  
predadores madeireiros,
pecuaristas milionários
e tantos mais garimpeiros,
eis a mão de incendiários.
 

Daqui se dizem piadas,
chacotas à passarela,
a terra exposta às queimadas,
pois país meia-tigela
tem fauna e flora arrasadas
e a Natureza é balela.
 

Na ONU o traste do “mito”
surtou,  fazendo agressões,
e o mundo assustou no grito:
com dedinhos de canhões,
ao seu costumeiro rito,
malhou diversas nações.
 

Por exemplo, o tal nazista
criticou chefes de Estado,
não poupou ambientalista,
mas saiu foi chamuscado;
só não tachou de esquerdista
o líder mor do papado.
 

Ora, vejam isto aqui:
em seu discurso raivoso,
num cantar de bem-te-vi,
o governante inditoso
do cacique Raoni
fez pastel indecoroso.
 

O clima, neste país,
aos empurrões do fascismo,
num fogaréu, por um tris,
pode cair no ostracismo,
embora o povo já diz
que se vê é nepotismo.
 

Não digo serem ingratos
milhões de irmãos, os revéis,
aqueles que não são patos,
mas que enxergam coronéis
e tantos generalatos
dando as costas pro quartéis.
 

Isto aqui, segundo meço,
em marcha a ré, fascistoide,
vai ao fosso e retrocesso,
cai na mão de um antropoide,
que põe canga no Congresso,
mas a cura é corticoide.

 

Fort., 30/09/2019.
Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 30/09/2019
Reeditado em 30/09/2019
Código do texto: T6757583
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