Trem da desigualdade
Tanta mente vazia
Querendo chegar
A algum destino
A algum lugar
Mas a fome
É inimiga
Esvazia a mente
E a barriga
E não deixa
O povo pensar.
Os maquinários gritam:
To com fome
To com fome
To com fome.
A desigualdade apita:
Não dai de comer
Não dai de comer
Não dai de comer.
Tanto operário
Preto de graxa
Roda a máquina
Sem nenhum tostão
Tanto operário
No tempo cansado
Morre esmagado
Buscando o pão
Os maquinários gritam:
Café ou pão?
Nenhum tostão
Café ou pão?
Nenhum tostão
A desigualdade apita:
Exploração
Exploração
Exploração.
Tanto sonho perdido
No vento soprado
Tanta criança na rua
Com sonhos abandonados
Descalços sem rumo
Sem educação
Os maquinários gritam:
Dá-lhe o pão
Dá-lhe infância
Dá-lhe o pão.
A desigualdade apita:
Não
Não
Não.
São tantos vagões
Nesse trem social
E as condições
São tão desiguais
Em cada estação
Há uma miséria
Só o maquinista
Não vive dela
Pilota nos trilhos
O trem desigual
Decidindo o destino
Do social
Nos trilhos vazios
O trem vai seguindo
O caminho da fome
É o destino
To com fome
To com fome
To com fome.