Trem da desigualdade

Tanta mente vazia

Querendo chegar

A algum destino

A algum lugar

Mas a fome

É inimiga

Esvazia a mente

E a barriga

E não deixa

O povo pensar.

Os maquinários gritam:

To com fome

To com fome

To com fome.

A desigualdade apita:

Não dai de comer

Não dai de comer

Não dai de comer.

Tanto operário

Preto de graxa

Roda a máquina

Sem nenhum tostão

Tanto operário

No tempo cansado

Morre esmagado

Buscando o pão

Os maquinários gritam:

Café ou pão?

Nenhum tostão

Café ou pão?

Nenhum tostão

A desigualdade apita:

Exploração

Exploração

Exploração.

Tanto sonho perdido

No vento soprado

Tanta criança na rua

Com sonhos abandonados

Descalços sem rumo

Sem educação

Os maquinários gritam:

Dá-lhe o pão

Dá-lhe infância

Dá-lhe o pão.

A desigualdade apita:

Não

Não

Não.

São tantos vagões

Nesse trem social

E as condições

São tão desiguais

Em cada estação

Há uma miséria

Só o maquinista

Não vive dela

Pilota nos trilhos

O trem desigual

Decidindo o destino

Do social

Nos trilhos vazios

O trem vai seguindo

O caminho da fome

É o destino

To com fome

To com fome

To com fome.

Rafaela Romero
Enviado por Rafaela Romero em 26/09/2019
Reeditado em 26/09/2019
Código do texto: T6754896
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