UM POETA BEM COMPORTADO

Vale ser bem comportado, um poeta

Que tem, também, função de perturbar

Alem de fomentar sentimentos bons?

Está com ele outra incumbência

De trazer à baila, da gente, tristes sentimentos

A respeito de situações embaraçosas

Sufocando a muitos, como uma enchente!

De passado não distante, Poetas da Abolição

Contra o mal da Escravidão, se bateram

De forma tal, que banidos, foram, deste território

Foram valentes nesta causa, foram conseqüentes

Nas ações, trancafiados, foram deportados para além

Poetas contidos, pouco falaram, ditado, tem:

-Cabrito, bom, não berra-

Muitos entraram pra história desta guerra

Muitos, só mandavam flores, ou, às vezes, as recebiam

Dos senhores, que só deles, eram!

Pra não dizer que delas, não falei...

Rosa, notícias do teu filho?

Margarida, ainda te encontras vendida neste mundo?...

Violeta, por que não te vendestes? Livre, continuas?

Em outras terras, alguns pagaram, da liberdade, o preço, o brilho

Tu nem precisas falar tanto, já estás marcado...

Sabem que poeta nasceu para mandar, sutis, recados...

E alguns velhos, velhacos do nosso Congresso?

De lá, urgentemente, os tiremos, peço!

Poeta, deste mundo, bicho, qual é a tua?

Sobradinho-DF, 20/9/07 - abello