Sentenciado

Todos os gestos parados

Como se estivesse em transe,

Sob vozes, entre cruzadas,

Enquanto um silêncio ecoa profundo

Em sua voz que se cala.

Versões explicam o fim

Tecendo o enredo de uma vida inteira,

A despeito de seus retalhos,

Seus limites, suas fronteiras,

Como o sol que esconde sua face

Da Terra que o margeia.

Não há erro nesse ato,

Nem na bala que encontra o peito,

Nos traços que moldam seu rosto,

Na sentença de seu direito.

Consagram-se todos os males,

Todas as balas perdidas,

O jure, sua sentença, as coisas em sua vida...

Um pálido silêncio nos lábios,

(Diferente daquele outrora povoado),

Conjugado em todos os tempos

Pelas vozes que se impõem do alto,

Quando em seus lábios insurgentes

Ouvia-se um canto cálido

Com a mesma emoção de uma Ave Maria,

Porém, dissonante, despercebido,

Um som que ninguém mais ouvia.

Na pele o mesmo tom

Do rosto com os mesmos traços,

Os pés sobre o mesmo caminho

Cumprindo o mesmo itinerário.

Paulino Marx
Enviado por Paulino Marx em 24/08/2019
Código do texto: T6728161
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