Violência e Flôres
A pedra fere, a bala mata.
As flôres enfeitam a morte.
Ferida e corte é falta de sorte,
De quem vê e se cala.
A chuva lava o sangue que corre na mata.
A mesma chuva lava o sangue nas ruas.
A dor, a bala que matou o índio,
O negro na senzala.
Bala achada que mata o pobre, o trabalhador.
O mar vermelho rega a mata.
Onde nasce plantas e flores.
Que cura feridas, doenças.
Do índio, do negro, do pobre do rico.
Que alimenta a indústria de drogas.
Que alimenta a elite, a corte dos nobres.
Desde os tempos coloniais.
Comprimidos, líquidos, cápsulas, injeção.
Que acabam com as dores, a solidão.
E dão cores ao sofrimento, a escuridão,
Dos loucos sem salvação.
Tudo é de interesse da nação.
Pra enganar o povão.
E no fim, tudo acaba em flores.
Seja no congresso ou no cemitério.
Na mata, no campo ou na cidade
Flores que enchem de cores e vida.
O mundo do povo que sofre de verdade.